sexta-feira, 10 de julho de 2009

Lojas em Salvador na contramão do clima



Ter, 07 de Julho de 2009 15:00 Texto e foto por Jordânia Freitas

Mesmo no inverno da capital baiana, período quando a temperatura da cidade raramente é menor que 21 graus, as lojas de roupas e de departamento apostam em coleções feitas para um frio rigoroso. A equipe de reportagem do Folha Salvador deu um giro pelas principais lojas de Salvador e encontrou variedades de casacos e sobretudos (casacos que vão até o joelho) de lã, de camurça, de veludo, de tactel com forramento de algodão, materiais que fazem com que as peças sejam mais quentes e, claro, adequadas a temperaturas muito mais baixas.


Para a designer e produtora de moda Diane Lima, os fatores produção e de tendência podem justificar a grande oferta . “Com relação à produção, um exemplo são as lojas de departamento. Apesar de existir nelas uma regionalização de peças e estilos, isso não acontece de um modo tão direcionado, porque o montante da produção e o processo de fabricação impossibilitam a exclusividade em prol da massificação. Ou seja, peças iguais diminuem o tempo de produção, peças personalizadas aumentam o tempo e consequentemente os custos”. Já as tendências, fazem com que globalizadamente todos comercializem o mesmo produto, mesmo que não seja adequado para situações específicas.


Não tem clima


Sempre que as lojas lançam a coleção outono inverno, a estudante Quelle Santos, 22, corre para conferir as novidades. A jovem, que possui oito peças compradas em coleções anteriores, conta que a mais cara custou R$ 460 e, para passar o inverno deste ano, está querendo comprar um sobretudo no valor de R$700. “Só estou esperando meus pais autorizarem. Está um pouco difícil, eles reclamam por eu querer que paguem esse valor em uma única peça”.

Para Quelle, que já foi criticada por utilizar esse look, adquirir as peças não é apenas um fetiche ou um modo de ostentação: “Não se trata de comprar e deixar guardado, ou só para dizer que tenho; Uso em viagens e em Salvador mesmo, em locais que possuem ar condicionado. Além do mais, elas vestem bem”.

Já a também estudante Elaine Nascimento, 28, embora ache os casacos bonitos, se chateia com o fato de não utilizá-los por conta do clima da cidade. De acordo com ela, não propício para tal vestimenta.

Leda Doria, chefe do departamento feminino de uma conhecida loja de roupas conta que as peças possuem pouca saída, se comparadas a outras que aquecem menos. “ É uma mercadoria muito cara, difícil de sair. Quem compra mais é quem viaja”. Ela exemplifica que, por mês, a loja encomenda cerca de 2 mil peças de moletom e vende de 20 a 30 por dia, enquanto que as de camurça forrada, cujo total de peças encomendadas é de cerca de 80, só consegue vender uma média diária entre uma e três peças.

Além da diferença entre o tecido ou material da peça e a quantidade de vendas, o preço também aparece como diferencial. As de moletom custam R$ 30, as de camurça, a depender do forro ou adorno, no mínimo R$ 85.

Por conta do índice baixo nas vendas, quando termina o inverno os casacos continuam nas lojas. Para conseguir um “encalhe” menor, a estratégia do empresário é reduzir o preço até o fim do estoque.

Publicado em :http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2022:lojas-em-salvador-na-contramao-do-clima&catid=121:populacao&Itemid=268

sexta-feira, 8 de maio de 2009

II Policom debate situação indígena brasileira


Qua, 06 de Maio de 2009 21:26 Jordânia Freitas

Nem a forte chuva que caiu em Salvador nesta terça-feira, 5/5, conseguiu desanimar os participantes da Conferência de abertura do II Policom (Congresso de Comunicação Social e Políticas Culturais), realizado pelo Colegiado de Comunicação Social da Faculdade 2 de Julho. A Professora Tracy Devine Gusmám, da Universidade de Miami, comandou a palestra inaugural “(Des) encontros amazônicos: O Imaginário Indiginista e a Construção da Modernidade Brasileira.

Ela descreveu e analisou, criticamente, o surgimento do SPI ( Serviço de Proteção aos Índios ) , em 1910, com a função de protegê-los e assegurar a implementação de uma estratégia de ocupação territorial no País, até o seu declínio, 57 anos mais tarde, ocorrido por conta de acusações de improbidade administrativa, inclusive com relação ao patrimônio indígena, o que possibilitou o surgimento da FUNAI (Fundação Nacional do Índio).

Tracy Gusmán esclareceu que, embora o SPI fosse criado para proteger e preservar a cultura indígena, adotava uma postura paternalista, limitando as possibilidades de auto-reapresentação destes povos. Também houve espaço para falar de seu diretor, o então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon e sua política de integração, que desprezava a diversidade étnica e cultural indígena, na medida em que reconhecia esta diversidade apenas como um estágio de desenvolvimento que se concluiria quando o índio se incorporasse à sociedade nacional.

Guzmán mostrou-se preocupada com o fato de, ainda na atualidade, existirem facilidades de manipular a imagem do índio como um símbolo. “ É chocante ver com se faz algumas coisas com a imagem do índio, que não poderia fazer com nenhum outro grupo cultual étnico”, afirmou.

O público participou ativamente do evento fazendo perguntas após a apresentação. A estudante Milane Magalhães,19, disse ter gostado da palestra. "Achei uma boa escolha. O tema é bem atrativo.Ver o olhar de alguém de fora sobre o nosso país é muito mais interessante".

O II Policom, que acontece até amanhã, tem como tema “Comunicação, Público e Mercado”. Para o professor Augusto Sá, um dos organizadores, Tracy Gusmán foi convidada para abrir o congresso devido a sua ampla afinidade com a temática do encontro, além de sua projeção internacional. Guzmám, que atualmente trabalha em um livro intitulado "Pós-indigenismo: Etnicidade e a Política Cultural na América Latina" , trouxe, em seu discurso, um panorama da situação indígena brasileira nos últimos 100 anos.

Publicado em: http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1740:ii-policom-debate-situacao-indigena-brasileira&catid=universidade&Itemid=269

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O circo de horrores da televisão baiana




Por Jordania Freitas em 28/4/2009


Há alguns meses, a televisão baiana ganhou um foco diferenciado no horário do almoço. Tiroteios, cadáveres e corpos ensangüentados passaram a ser o "carro-chefe" da programação. A retratação da agonia de vítimas ou algozes nos últimos instantes de vida adquiriu visibilidade por meio de programas autodenominados policiais ou populares.

A partir do meio-dia, sob o pretexto de mostrar a vida real, as famílias são convidadas a assistir um verdadeiro espetáculo de horrores, no qual "artistas desconhecidos" são expostos em seus números mais dramáticos. Ora se apresenta o homem que, deitado no chão de um bairro da periferia, agoniza ao sentir a dor de uma bala cravada no peito; ora começa o show do jovem queimado vivo, em cima de uma motocicleta, com as mãos amarradas. Tudo sem mosaico, tarja preta ou qualquer recurso de edição.

Esta exploração da tragédia social das camadas populares rende fervorosas brigas por audiência entre emissoras, bons anúncios publicitários, além de salários que chegam a até 50 mil reais para os apresentadores. Estes, por sua vez, encenam uma estranha mistura de inconformismo e gozações diante da violência instaurada na cidade e das punições que sofrem os marginalizados, respectivamente.

Enquadramento nos "moldes"

As cenas de degradação humana são tão fortes que, diante de reclamações oriundas da sociedade civil e organizações, o MP (Ministério Público) precisou intervir. Foi instaurada uma investigação dos programas Se liga Bocão, transmitido pela TV Itapoan, afiliada a Rede Record, Que Venha o Povo e Na mira, ambos da TV Aratu, afiliada ao SBT.

O promotor Almiro Sena, da Vara de Cidadania, um dos responsáveis pela ação, em entrevista ao jornal Folha Salvador, argumentou que a exposição de cenas de cadáveres com detalhes de orifícios de bala e de tortura é algo que afeta de forma extremamente ofensiva o direito da população de não ver veiculadas na televisão imagens do gênero, principalmente em horário não propício.

Como resultado da investigação, o MP determinou, no dia 15 de abril, a suspensão imediata do programa Na Mira, o mais violento em termos de exibição, e que, mesmo após a abertura do processo, não demonstrou esforços para atenuar as acusações.

Porém, no dia seguinte, o Na Mira continuou no ar. A justificativa da emissora foi não ter recebido a notificação. Dois dias após a determinação, a direção do programa procurou o MP e firmou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) comprometendo-se a enquadrar o referido programa nos "moldes" determinados pelo órgão.

Uma violência combate outra

A existência de programas que dão este enfoque a casos de violência na televisão brasileira não é algo recente. Desde a década de 1990, personagens como Alborguetti, da extinta Rede CNT, já adotavam esta postura. O apresentador, além de exibir corpos de criminosos, comemorava a morte deles acendendo velas e proferindo a clássica frase "Cemitério nele. Vai pro colo do diabo".

A pergunta que se tem feito é como a mídia soteropolitana cedeu tanto espaço para veiculações desta espécie. Será que as emissoras não percebem que estão manchando sua imagemno próprio sangue derramado nesses noticiários? Ou será que elas ainda acreditam na teoria hipodérmica, aprendida na Universidade, segundo a qual o público simplesmente responde aos estímulos midiáticos, sem qualquer possibilidade de questionamento?

A resposta para essas indagações só elas saberão responder. Mas o que almejam está explícito em cada transmissão: audiência, dinheiro e poder. Combinação perfeita para deixar à margem todo e qualquer critério de noticiabilidade e bom senso.

Atualmente, a lona dos três circos de horrores continua de pé; eu diria até mais firme que antes, pois as imagens, mesmo embaçadas ou com mosaicos, continuam sendo exploradas e veiculadas diariamente em rede local, ou na internet, através de sites como o YouTube.

Os casos de violência presentes na capital baiana continuarão a existir enquanto o cidadão receber todos os dias, em seu próprio lar, exemplos palpáveis de que uma violência (a da polícia) combate outra (a dos marginais). A cada transmissão, vidas chegam ao fim e, junto com elas, a esperança de que este cenário se modifique.

Publicado em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=535TVQ005

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Programas baianos exibem cenas de tortura e morte


Qua, 15 de Abril de 2009 13:58 Jordânia Freitas


Devido a denúncias da sociedade civil e de organizações contra a veiculação de cenas de violência na televisão baiana, O MP (Ministério Público ) está investigando os programas "Se liga Bocão", transmitido pela TV Itapoan, "Que Venha o Povo", da TV Aratu e “Na Mira”, da mesma emissora. De acordo com o promotor Almiro Sena, a previsão é que após a Semana Santa saia o resultado final da investigação.

Entretanto, na última terça-feira, 7/4, o MP já entrou com ação na Justiça pedindo a suspensão imediata do programa "Na Mira". Antes da ação, as cenas deste programa eram exibidas sem mosaico ou qualquer outro recurso de edição, atualmente as imagens são apresentadas em preto e branco - como se estivessem ofuscadas -, ou com uma tarja negra, porém, continuam sendo veiculadas.

Para Almiro Sena, a situação é grave e não pode continuar “A exposição de cenas de cadáveres com detalhes de orifícios de bala, de tortura é algo que afeta de forma extremamente ofensiva o direito da população de não ver veiculado na televisão, principalmente no horário do almoço, cenas de degradação humana", afirma o promotor.

“Assim vira moda na cidade. Gravar qualquer tipo de confusão seja ela provocada ou espontânea e mandar para esses programas”, comenta a auxiliar administrativa Vanessa Sousa, 25. Ela diz odiar esse modelo de transmissão pela falta de respeito à dor dos parentes das vítimas e incitação à violência. No entanto, admite que muitos gostam desse formato televisivo “As pessoas se encantam com o sofrimento alheio”, explica.

Já o estudante Juliano Santos, 18, acredita que as cenas devem ser exibidas “Tem muito sangue e morte mesmo, mas isso é a realidade, é o que está acontecendo na cidade, por isso tem que mostrar para ver se fazem alguma coisa”.

De acordo com o sociólogo Jorge Lisboa, os direitos humanos devem se estender também aos mortos “Trata-se de pessoas que se envolveram com atos de violência e acabaram pagando com o bem maior que o ser humano pode ter, que é a vida’’.

Lisboa explica que prestar homenagens ao corpo representa o carinho que se tem com o indivíduo, não podendo ser violado com brincadeiras ou gozações. Ele lamenta a visibilidade e espaço que os programas ganharam na mídia baiana, espaço que, para ele, deveria ser utilizado para veicular melhores conteúdos.

Publicado em :http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1489:sob-o-pretexto-de-mostrar-a-vida-real-programas-baianos-exibem-cenas-de-tortura-e-morte&catid=121:populacao&Itemid=268

sexta-feira, 20 de março de 2009

Três mil pessoas desfilaram em Salvador em defesa da água


Sex, 20 de Março de 2009 20:05 Jordânia Freitas

Um “tapete azul e branco” saiu do Campo Grande na tarde desta quinta – feira, 20/3, em direção à Praça da Sé, congestionando o trânsito e chamando a atenção de quem passava no local. Os integrantes do IX Grito da Água - marcha promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto do Estado da Bahia (SINDAE)celebraram antecipadamente o Dia Mundial da Água, que será próximo domingo, 22/3. De acordo com a PM, cerca de três mil pessoas participaram do evento.

A manifestação foi marcada pela irreverência. Baianas desfilaram com garrafões de água mineral vazios, enquanto malabares, equilibristas e percussionistas disputavam a atenção dos pedestres. Militantes seguravam faixas com mensagens como: “o velho Chico está morrendo. Lute contra a transposição” e sindicalistas utilizaram dois trios elétricos para discursar sobre a democratização e o uso consciente da água.

De acordo Grigório Rocha, diretor de imprensa do Sindae, as principais reivindicações deste ano são: a preservação dos mananciais e a reafirmação da luta contra a privatização da água, o que, segundo ele, evitaria o surgimento de uma “guerra da água” como houve na Bolívia.

Rocha acha inadmissível a tentativa de privatização da água, como ocorreu na cidade de Barreiras, em 2008. Tratando da capital baiana, ele declarou: “uma de nossas lutas é a revogação da lei de privatização da Embasa”.

Representantes de diversos movimentos sociais estavam presentes, como participantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Movimento dos Sem Teto de Salvador (MSTS), Movimento Negro Unificado (MNU). Organizações não governamentais também fortaleceram a mobilização, a exemplo da Casa Maria Felipa e do Gueto Ecológico.

A manifestante Caroline Vaz, 17, considera a iniciativa de extrema importância pelo fato de chamar atenção da sociedade para a preservação de um dos seus maiores bens. “Não adianta só reclamar, tem que ir para rua e gritar contra a poluição da água. Quanto mais tiver pessoas juntas, maiores serão as chances de conscientizar”, defendeu a jovem.

Por volta das 17 h, fogos de artifício e a declamação de um poema sobre a água finalizaram a manifestação, aos pés da estátua de Castro Alves.

Publicado em :
http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1213:tres-mil-pessoas-desfilaram-em-salvador-em-defesa-da-agua&catid=121:populacao&Itemid=268

quinta-feira, 19 de março de 2009

Artesãos comemoram o dia, mas reclamam da postura do consumidor


Qui, 19 de Março de 2009 18:57 Jordânia Freitas

Como forma de homenagear aqueles que transformam diferentes matérias-primas em autênticas representações da diversidade cultural de nosso país, comemora-se hoje, 19/3, o dia do artesão. Pelas mãos destes profissionais, o barro, a argila, a
palha, o arame ou qualquer material que possibilite modificações, ganham formas inusitadas, frutos da criatividade e do conhecimento passado ao longo de gerações.

De acordo com Luciana Correia, diretora de núcleos da ADABA (Associação dos Artesãos da Bahia), existem cerca de 220 profissionais cadastrados no órgão. Número que tende a aumentar,pois estão sendo registrados mais profissionais, para participar de um encontro previsto para o mês de outubro.

O SESC (Serviço Social do Comércio) oferece, durante o ano todo, cursos de artesanato que vão desde a customização de sandálias até a produção de artigos de palha e papel.

Artesã há 8 anos, Elisete Santos, 33, não é filiada a qualquer associação, muito menos fez cursos para exercer o ofício, no entanto, mostra domínio ao confeccionar seus brincos e colares. "Nunca tomei curso. Um amigo me deu uma dica e eu
desenvolvi o resto sozinha, não adianta ter curso e não ter o dom ”, acredita Elisete, que tem o artesanato como sua única fonte de renda.

Embora já experiente na área, Elisete conta que muitas vezes, pelo fato de ela vender seus produtos na rua, há a desvalorização do produto. “Tem gente que chega aqui e reclama do preço dizendo: ‘que facada’, porém, quando vai ao Shopping
paga até mais caro e não reclama”, desabafa.

Publicado em : http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1194:artesaos-comemoram-o-dia-mas-reclamam-da-postura-do-consumidor&catid=119:cultura-regional&Itemid=286

quarta-feira, 18 de março de 2009

Mulheres adiam a maternidade e médicos alertam: chances de gravidez diminuem com o tempo



Seg, 12 de Janeiro de 2009 11:19 Jordânia Freitas

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o que os médicos já perceberam nos consultórios. “Preocupada com o mercado de trabalho e os estudos, a mulher retarda o projeto de ser mãe”, relata o especialista em reprodução assistida, Joaquim Roberto Costa Lopes. Entre 1991 e 2000, cresceu em 27% o número de mulheres que tiveram o primeiro filho com mais de 40 anos no Brasil.

A comerciária Rosemeire Vilas Boas, 36, tende a encaixar-se nesse perfil. Na opinião dela, os baixos níveis salariais obrigam a retardar uma possível gravidez. Sendo também estudante universitária, Rosemeire diz priorizar o crescimento profissional.

A busca pela estabilidade financeira, pelo aperfeiçoamento na formação e pelo parceiro ideal são motivos mais comuns apontados pelas entrevistadas para o adiamento da maternidade, indica o IBGE. Tendências de um país que reduz a taxa de natalidade e aumenta a escolaridade da população.

Entretanto, essa opção também apresenta desvantagens. De acordo com Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana, após os 35 anos, as chances de gravidez começam a diminuir. O médico explica que uma mulher com 25 anos possui aproximadamente 15 a 18% de chances de engravidar ao mês, enquanto outra, na faixa etária de 36 a 40, terá uma oportunidade de 8 a 10% no mesmo período.

A gravidez tardia também apresenta mais riscos, como o aumento da taxa de abortos e de partos prematuros. Antônio Carlos Vieira Lopes, presidente da Associação Baiana de Medicina, alerta para a possibilidade de o feto ter alguma alteração cromossômica, como a Síndrome de Down.

Esses fatores, entretanto, não são uma barreira instransponível. “Desde que a mulher seja saudável, faça um bom pré-natal e um diagnóstico de anomalias cromossômicas, a gravidez dela vai se comportar igual à de uma jovem”, pondera. Para ele, toda mulher que deseje engravidar deve passar antes por um consulta, buscando orientações inclusive sobre possíveis riscos.

O retardo na decisão pela gravidez faz aumentarem os índices de problemas reprodutivos. Conforme Roger Abdelmassih, no mundo, de 15 a 20% dos casais têm dificuldades para conceber, o que atrai muitos interessados às técnicas de reprodução assistida. “No Brasil, as clínicas de reprodução, juntas, fazem em média 12 a 13 mil tentativas de fertilização in vitro (artificial) por ano”, afirma.

O especialista em infertilidade conjugal, Joaquim Lopes, conta que para fazer um tratamento como este, cuja duração é de aproximadamente 30 dias, um casal gasta em média R$ 12 mil. Ele atende cerca de 32 pacientes por semana em uma clínica particular de Salvador.

Atualmente, na capital baiana, não há hospitais públicos que disponibilizem o serviço. O Edgard Santos seria o único a atender a demanda através do SUS, mas ainda não está operando por falta de material, informa o médico Joaquim Roberto. A assessoria do hospital não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Publicado em : http://www.folhasalvador.com.br/index.php?option=com_content&view=article&catid=115:planejamento-familiar&id=653:mulheres-adiam-a-maternidade-e-medicos-alertam-chances-de-gravidez-diminuem-com-o-tempo&Itemid=293